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CIÊNCIA POLÍTICA 12º ano 1º teste

1º TESTE DE CIÊNCIA POLÍTICA

1. A CIÊNCIA POLÍTICA

1.1.Noções de Poder, de Política e de Ciência Política
1.2.Os campos da Ciência Política e a sua Interdisciplinalidade
1.3.Metodologia da Ciência Política
1.4.O objecto da Ciência Política
1.5.Politólogos: Aristóteles, Maquiavel, Bodin, Locke, Montesquieu, Tocqueville e Marx

2. O ESTADO

2.1.Conceito de Estado
2.2.Características gerais dos Estado
2.3.Os elementos do Estado
2.4.Elementos do Estado
2.5. Fins do Estado
2.6.Evolução Histórica dos Estados
a) Estados Orientais
b) Estado Grego
c) Estado Romano
d) Estado Medieval
2.7.O Estado Moderno
            a) Características
            b) Subtipos do Estado Moderno
            c) O Estado da 2ª metade do séc. XX

3. DICOTOMIA: ESQUERDA/DIREITA
  
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 1. A CIÊNCIA POLÍTICA

1.1.Noções de Poder, de Política e de Ciência Política

Poder: “O poder é a faculdade (capacidade) de mandar e a capacidade de se fazer obedecer.”, Marcello Caetano

Politólogos: “São os ‘cientistas’ da Política”, Carlos Henriques

Política: “A Política é a actividade humana de tipo competitivo, que tem por objecto a conquista, a manutenção e o exercício do poder na sociedade.”, Freitas do Amaral

- “Política é a arte de governar.”, Carlos Henriques

- Política deriva de “pólis”, que significa cidade-estado em Grego. Atenas não foi das maiores cidades-estado gregas, mas foi das mais importantes, pois esta é o berço do “Dermostatus”, da Democracia! (apesar de em Atenas só 10% da população votar e ser politicamente activa, contrastando com o sufrágio universal da democracia moderna)

- Política é conflito de ideias e opiniões, implicando oposição, pois não haveria política se todos pensassem da mesma maneira.

Ciência Política: “Ciência Política é a disciplina que estuda os problemas do poder na actualidade, através da observação dos factos e da sua explicação racional mediante conceitos.”, Freitas do Amaral

- O termo “Ciência Política” foi utilizado pela 1ª vez no final do século XIX, em 1880, por Herbert Adams!

1.2.Os campos da Ciência Política e a sua Interdisciplinalidade

- A Ciência Política é auxiliada por múltiplas ciências, a saber: o Direito, a Filosofia, a História, a Geografia, a Socialogia, a Psicologia, etc.

- Estas ciências são ciências auxiliares à Ciência Política no trabalho do analista político.

- A Ciência Política abrange vários campos, tais como:
·         as Relações Internacionais
·         a Ideologia (crença política)
·         o Direito Internacional
·         o Direito Público
·         a Filosofia Política
·         a Filosofia Ética.



1.3.Metodologia da Ciência Política

- A Ciência Política é uma Ciência Social (humana), cujo objecto é o poder.

- A sua Metodologia = moddus operandi = modo de operar (pois tem de haver um método) é: analisar, interpretar, recomendar/elaborar sugestões, isto é, faz a análise e interpretação de fontes/dados, através de:
·         Documentos primários – fontes originais
·         Documentos secundários – documentos modificados, que traduzem opiniões. Ex: crónicas.

- Espírito crítico é essencial! E deve ser posto em prática por meio de críticas construtivas..

- Comparação:     Historiador – olha para o passado;
                             Analista Político – olha para o presente e apresenta soluções para o futuro.

1.4.O objecto da Ciência Política

- A Ciência Política possui dois objectos:
·         PODER (no geral)
·         ESTADO

- Lobby (Hall), a chamada “corrupção”, é um grupo de pressão; é legal nos E.U.A.

Grupo de Pressão: grupo de interesses que procura influenciar as decisões políticas.

- Somália é um país sem um organismo meramente representativo, segundo a ONU.

- Estado é a estrutura de um país (o “esqueleto”); neste, o poder é mais amplo. E a Ciência Política ocupa-se do estudo de todas as manifestações de poder (nível local, etc).

- O Cientista Político/Politólogo:
·         Analisa dados
·         Está ao serviço da sociedade/acessoria ou conselheiros
·         Participa
·         Caracteriza-se pela sua imparcialidade
·         É pragmático (prático)

- Bismarck (estadista alemão)-> real politik = ser realistas, ser práticos = PRAGMATISMO!

Pragmatismo: ter princípios e abdicar deles em várias situações; esquecermos os nossos ideais, abdicarmos deles e ser práticos, arranjo soluções; marcar posição.

- O político deve manter a integridade na mesma, se for pragmático.

- Por vezes, um político deve fazer algo que é para o bem geral, mesmo que isso vá contra os seus ideais, pois tem o dever de usar o poder político para governar em nome do país e não do seu prazer.

- “O mundo é feito de pessoas e as pessoas não são perfeitas.”, Carlos Henriques

- Honestidade é importante => coerência!

1.5.Politólogos: Aristóteles, Maquiavel, Bodin, Locke, Montesquieu, Tocqueville e Marx

- Vários politólogos contribuíram para a Ciência Política, devido à visão que tinham, como Aristóteles, Maquiavel, Bodin, Locke, Montesquieu, Tocqueville e Marx.

                        ARISTÓTELES (384-322 A.C.)
- Aristóteles foi um filósofo grego, aluno de Platão, e o maior sábio da Grécia Antiga. Como filósofo, era conhecedor de todos os campos do saber.

- É considerado o Pai da Ciência Política, isto é, o seu fundador e o seu primeiro Politólogo, tendo dito: “Política é a ciência maior.” Por maior entende-se a mais importante, melhor, mais digna. Por isso, podemos afirmar que a Ciência Política é uma ciência com quase 2400 anos!

- Obra que mais se destaca: “A Política”, na qual introduziu um método de estudo, de análise e de classificação e estabeleceu uma analogia entre
                  ·         Estado São (saudável/bem geral), como
                        1. Monarquia: Poder concentrado numa pessoa (rei) que governa para o bem/interesse geral.
                        2. Aristocracia: Poder concentrado num grupo restrito de pessoas para o interesse geral.
                        3. República: Governada pela multidão para o bem de todos, para o interesse geral.

                  ·         Estado Depravado, como
                         1. Tirania; Forma depravada de Monarquia (degenera desta); O monarca governa para seu prazer, esquecendo o interesse dos seus súbditos.
                         2. Oligarquia: Provém de “oligói”, palavra grega que significa “mais ricos”; degenera de Aristocracia; Grupo restrito governa para os mais ricos.
                         3. Democracia: Degenera de República; Multidão governa apenas a favor dos mais pobres (povo beneficia).
                         4. Demagogia: Degenera de Democracia; Pessoas entregues à depravação do próximo.


                        NICOLAU MAQUIAVEL  (1469-1527)
- Nicolau Maquiavel foi um historiador, poeta, diplomata e músico italiano do Renascimento.

- É reconhecido como fundador do pensamento e da ciência política moderna, tendo escrito sobre o Estado e o governo como realmente são e não como deveriam ser. O seu pensamento foi mal interpretado historicamente e as opiniões contraditórias sobre o seu trabalho adjectivaram-no muitas vezes com o adjectivo maquiavélico, criado a partir do seu nome, que significa esperteza, astúcia.

- Obra principal: O Príncipe” (escrito em 1513 e publicado em 1532), escrito sobre Lourenço de Médicis, um manual de como governar; nesta obra, lança as bases da amoralidade política, pois “o príncipe” deveria ser como um leão (temeroso) e como uma raposa (astuto).

- A partir desta obra, Maquiavel foi o introdutor do Princípio da amoralidade política, em que o governante não se deve limitar por princípios morais e éticos, sendo que tudo o que for necessário para manter o poder será legítimo, isto é, os fins justificam os meios, defendendo a razão de Estado (o interesse e a razão de Estado são decisivos) e a criação de um sistema político-filósofo. Para ele, o governante devia ser leão (brutal), temido, e raposa (manhoso).

- Maquiavel introduziu, no seu estudo, a comparação histórica, fazendo referência a exemplos anteriorese contemporâneos. Ex: Júlio Cesar; Lourenço Médicis.

                        JEAN BODIN (1530-1596)
- Jean Bodin foi um jurista, membro do Parlamento de Paris,  professor de Direito em Toulouse e pensador francês do séc. XVI.

- Obra mais importante: A República”(1576), onde fala em Absolutismo e soberania pela primeira vez! Teve uma contribuição deveras importante para a Ciência Política!!

- Este autor foi o principal teórico do “Absolutismo Régio” e introduziu os conceitos de soberania e de Estado soberano (o Estado que, na ordem interna, não tem um poder que se lhe iguala e que, na ordem externa, não tem um poder que o superioze).

- Mais uma vez, este autor utiliza o Método Comparativo Histórico, isto é, compara realidades históricas e antigas.

                        JOHN LOCKE (1632-1704)
- John Locke foi um filósofo inglês, ideólogo do liberalismo, considerado o principal representante do empirismo britânico e um dos principais teóricos do Contrato Social.

- Rejeitava a doutrina das ideias inatas e afirmava que as nossas ideias tinham origem no que era captado pelos sentidos, contrariando Descartes. A filosofia da mente de Locke é frequentemente citada como a origem das concepções modernas de identidade e do “self”, o “si mesmo”, através de uma continuidade de consciência. Em suma, Locke acreditava que todos nascemos sem ideias inatas e que o conhecimento é determinado apenas pela experiência sensorial.

- Obra primária de Política: “Dois Tratados sobre o Governo”(1690), levando à queda de Jaime I, onde criticou a tradição, que afirmava o poder divino dos reis, e expôs a sua teoria do Estado liberal e a propriedade privada. Defendia a tese de que todos os homens nascem livres e iguais, a ideia de um governo limitado, assim como a existência de um contrato entre governantes e governados, com base no livre consentimento – o Contrato Social.

- Teorizou (defendeu) a separação dos poderes em vários, esquecendo-se do poder judicial:
·         Poder legislativo => cabe ao povo
·         Poder executivo => cabe ao rei
·         Poder confederativo ou das relações internacionais => cabe ao governo
·         Poder discricional => cabe ao governo nos casos não previstos na lei

- Locke foi o legitimador da “Glorious Revolution”, ao justificar a deposição do Rei Inglês, pelo Direito de Resistência à opressão.

                        CHARLES DE MONTESQUIEU (1689-1755)
- Montesquieu foi um político, filósofo e escritor francês. Teve uma formação iluminista e revelou-se um crítico à monarquia absolutista e do clero.

- Obra mais relevante para a Ciência Política: “O Espírito das Leis”(1748), no qual:

            1. Idealizava um “Governo não corrupto”. Teorizou a separação tripartida dos poderes: poder legislativo (assembleia parlamentar), poder executivo (monarca/regente) e poder judicial (juízes e magistrados). Assim, havia uma distribuição equilibrada dos poderes, sem corrupção, no sentido de garantir a liberdade política dos cidadãos. Era, portanto, preocupado com a não corrupção de um poder, salvaguardando a sua independência. Esta separação é actualmente consagrada em muitas constituições.
           
            2. Considerava 3 tipos de governo:
                                 » República (governo bom), no qual o povo é soberano;
                                 » Monarquia (governo bom, o que prefere!), no qual um só, o rei, governa mas mediante leis estáveis;
                                 » Despotismo (governo mau), no qual um só, sem lei e sem regras, subordina tudo à sua vontade e aos seus caprichos.
                                
            3. Classificou classificou as formas de governo, divindo em formas puras de governo e formas impuras de governo:
                       
1.      As formas puras de governo são
a.       Monarquia – governo de um só
b.      Aristocracia – governo de vários
c.       Democracia – governo do povo

2.      As formas impuras de govenro são
a.       Tirania – corrupção da Monarquia
b.      Oligarquia – corrupção da Aristocracia
c.       Demagogia – corrupção da Democracia
                                  

- Em suma, era defensor:
                  » ...de uma monarquia limitada, opondo-se ao absolutismo – especificamente de uma Monarquia Parlamentar (modelo inglês)
                  » ....da limitação pelo Direito
                  » ....da separação tripartida dos poderes
             
                                 ALEXIS TOCQUEVILLE (1805-1859)
- Tocqueville foi um pensador político, historiador e escritor francês. Tornou-se célebre devido às suas análises da Revolução Francesa, da democracia americana e da evolução das democracias ocidentais no geral.

- Ficou fascinado com a Independência dos E.U.A., em 1776, e decidiu viajar para os E.U.A para analisar o sistema político Norte-Americano na sequência da sua independência.

- Para tal, utilizou um método original (método científico), a entrevista, usando-o para cruzar e filtrar informações, conseguindo um resultado mais depurado da realidade.

- Obra principal: “Democracia na América” (1835), onde expôs a democracia nos E.U.A, após o recente processo de independência, as suas virtudes e defeitos.

                        KARL MARX (1818-1883)
- Marx foi um intelectual e revolucionário alemão, fundador da doutrina comunista moderna, que actuou como economista, filósofo, historiador, teórico político e jornalista. É considerado o maior filósofo de todos os tempos.

- O seu pensamento influenciou inúmeras áreas (Filosofia, Geografia, História, Direito, Socialogia, Literatura, Pedagogia, Economia, Antropologia, Psicologia, Teologia, Comunicação, Administração, Design, Arquitectura, etc), nomeadamente a Ciência Política.

- Como filósofo, defendeu uma sociedade justa e livre, tendo sido o Pai do Comunismo (teoria da sociedade sem classes), uma teoria baseada num método científico que se traduziu na análise histórica da evolução do Homem, chegando às seguintes conclusões:
                                   1. Antigo Regime – escravo/esclavagista;
                                   2. Idade Média – servo/senhor;
                                   3. Idade Moderna – proletário/capitalista.

- Aliando a Filosofia, a História e a Política, Marx faz uma análise económica e social da sociedade humana, que evolui através da luta de classes, identificando uma continuidade nos modos de produção (esclavagismo, feudalismo e capitalismo), apenas abalada pelas revoluções que alteram esses modos de produção.

- Marx propõe a tomada do poder pela classe trabalhadora mediante uma revolução, dando início à ditadura do proletariado, fase de transição para o Comunismo.

- Obra mais importante: “O Capital”(1867), onde crítica o capitalismo e expõe a sua teoria marxista.

2. O ESTADO

2.1.Conceito de Estado

Estado: provém do latim “statum”, que significa “o que permanece”, é o conjunto/comunidade de pessoas que estabelece uma relação de poder com uma entidade, isto é, regula as relações entre esse grupo e as pessoas (população).

- O Estado permanece SEMPRE! O que muda é o governo, não o Estado.

- “O Estado é o ‘esqueleto’ da Nação.”, Carlos Henriques

- O Estado é uma comunidade humana.

- Novo conceito de Estado (IMPORTANTE):
    “Estado é a comunidade constituída por um povo que, a fim de realizar os seus ideais de segurança, justiça e bem-estar, se assenhoreia/apodera/toma posse de um território e nele institui, por autoridade própria, o poder de dirigir os destinos nacionais e de impôr as normas necessárias à vida colectiva.”, Diogo Freitas do Amaral

2.2.Características gerais dos Estado

- O Estado é caracterizado geralmente pela sua:
1.      Complexidade de actuação e de organização
» O Estado é complexo, tendo uma multiplicidade de fins, que tem de prever e abarcar e tem uma grande diferenciação de orgãos e serviços. Tem objectivos muito vastos e actua em vários campos. 

2.      Autonomia do poder político
» No Estado, deve haver uma separação entre a comunidade civil e o poder político instituído.

3.      Coercibilidade
» Ao Estado cabe a administração da justiça entre as pessoas, por isso tem de lhe caber também o monopólio da força física. O Estado é traduzido por leis. Deve ser, portanto, coerço, persuasivo.

4.      Institucionalização
» Corresponde a uma ideia de permanência do poder, fixação e enraizamento do Estado, como realidade transtemporal:
                        - na esfera externa, o Estado mantém relações com outros Estados internacionais;
                        - na esfera interna, o Estado manifesta-se e permanece mesmo aquando da mudança de governo, de poderes e de leis.

5.      Territorialidade ou sedenteraliedade
» Corresponde à necessidade de um espaço físico para que um Estado realize o seu poder.

2.3.Elementos do Estado

- Os elementos constituintes do Estado são:
           
1. o Povo                     É o conjunto de pessoas que ao Estado se encontram ligadas/ligadas por especiais vínculos jurídicos: os vínculos de nacionalidade ou cidadania. Ou seja, é o conjunto dos cidadãos de um Estado.

População: conjunto de pessoas que residem num país; comunidade humana que habita um dado território sujeita a dadas leis.

Apátrida: pessoa sem pátria; tem nacionalidade mas não é reconhecida pelo país.

2. o Poder Político    É a faculdade/capacidade de traçar as estruturas e os rumos da vida em comum, e de impor o acatamento das directivas e das normas.

- O Poder Político impõe normas pelas quais o povo se rege.

- O Estado é a única instituição política que tem a capacidade de decidir sobre a vida e morte de um indivíduo:
                        a) Delibera sobre justiça. Quando existe pena de morte, esta pode ser aplicada pelos tribunais.
                        b) Decide sobre as propriedades dos homens (bens), através da cobrança de impostos
                        c) Decide sobre a liberdade dos homens, através das leis (que ditam os direitos e deveres)

- O Estado concede mortes numa guerra.

- Assim, o poder político incide sobre: a vida e morte, a propriedade e a liberdade dos homens.

3. o Território           É o espaço jurídico próprio do Estado.
 

- É no território do país que o Estado exerce a sua justiça e poder. É o espaço explorado e habitado pela população.

EM SUMA: o Estado não existe sem PODER POLÍTICO, POVO e TERRITÓRIO.

Ex: Judeus só se tornaram Estado em Israel, em 1948, porque não tinham território, sob égide da ONU. Os palestinianos não têm Estado pois não têm país, isto é, território.

2.4. Fins do Estado

- O Estado tem por fins:
» a segurança
                                   > deve proteger a população de ameaças, quer no plano externo (protecção de uma comunidade face a outros Estados, outros países, e ao terrorismo), quer no plano interno (através da Polícia, em Portugal é a PSP – Polícia de Segurança Pública).
                       
» a justiça
                        > lei é aplicada de igual modo a todos e deve ser cumprida
» o bem-estar
                                   > bem-estar económico, social e cultural

- Os 3 fins têm de coexistir ao mesmo tempo, não concebendo a sua realização em separado. Ex: Se só o houver segurança, existe um Estado Totalitário.

- Segundo S. Tomás de Aquino (séx. XIII), o fim do Estado é assegurar aos homens o bem comum, isto é, não só condições para a sobrevivência, mas para uma vida de qualidade.

2.5.Evolução Histórica dos Estados

a)      Estados Orientais – características:

·         Estado Teocrático (Teocracia = Deus+ Poder) - Poder reside num Deus vivo, sendo o poder concentrado numa só pessoa
·         Grande expressão territorial (vastidão)
·         Governado à luz da razão
·         Não assegurava garantias ao cidadão
·         Exemplos são: Antigo Egipto, Babilónia, Asíria, Pérsia, etc.

b) Estado Grego - características

·         Pequena extensão territorial - dividido em Cidades-Estado (em grego, Pólis, de onde deriva a palavra Política), pequenos territórios com governo próprio
·         O poder político está concentrado no povo (cidadãos* eram 10% da população), que participa activamente no governo da cidade
·         Princípio da Democracia (primitiva)
·         Poucas garantias do cidadão face ao Estado
*Cidadãos são homens, filhos de pai e mãe ateniense, que cumpriam serviço militar e que tinham direito a votar e a ocupar cargos políticos – participar na vida política; eram apenas 10% da população.

b)      Estado Romano - características

·         Enorme extensão territorial (unificado pela rede de estradas)
·         Poder político é uno, forte e poderoso (pela 1ª vez, um território geograficamente grande tem um poder unificado e forte que se faz sentir em todo o lado!)
·         Direito Romano – grande desenvolvimento da ciência do Direito (tinham leis para tudo, possuindo um certo fanatismo por estas); lei é fonte de Direito.
·         Édito de Caracala, no ano 212, é promulgado, dizendo que todos os homens livres do Império passam a usufruir dos direitos de cidadão (votar e participar na vida política) mas também obrigações (como pagar impostos e integrar o exército).
·         Reforço das garantias individuais face ao Estado (distinção entre direito público e direito privado). O Estado olha para o cidadão como indivíduo.

c)      Estado Medieval (Idade Média: séc. V a XV) – características

·         Pulverização territorial (variados reinos)
·         Descentralização do poder político (rei delega funções, poder não está concentrado nele)
·         Nascimento do conceito de pessoa humana (juridicamente falando) - Cristianismo

2.6. Estado Moderno

            a) Características

·         Cronologicamente, coincide com os séculos XV a XX, com vários subtipos
·         Concentração do poder no rei (reforço, pois o rei vê os poderes concentrados em si)
·         Reforço das garantias dos cidadãos face ao Estado
·         Introdução dos conceitos de soberania, monarquia de direito divino, absolutismo régio, constituição e separação tripartida do poder.

- “Sempre que exista um poder sobre os homens, estamos na presença de um Estado (poder organizado), e os Estados ou são Repúblicas ou Monarquias.”, Maquiavel

            b) Subtipos do Estado Moderno

- O Estado Moderno divide-se em 4 subtipos:
            1. Estado Estamental (corporativo)
» Dividido em estamentos (estados) = ordens sociais: nobreza, clero e povo
» Séc. XV a XVI (cronologicamente)
» É um subtipo de Estado de transição entre a Idade Média (Estados Medievais) e o Estado Moderno.
» Caracteriza-se pelo reforço do poder do rei que, no entanto, está limitado no seu exercício pelas ordens sociais (estamentos) presentes e consultadas nas Cortes.

            2. Estado Absoluto – “L’Etait c’est moi!”, Luís XIV
» Monarquia de Direito Divino, onde o rei é o representante de Deus na terra
» Concentração máxima/absoluta dos poderes na figura do Rei, que governa com Direito Divino (Deus)
» As Cortes deixaram de ser convocadas e as garantias dos cidadãos face ao Estao foram esmagadas
» O poder do rei é absoluto (“Rex/Lex” = o rei é a lei), apenas limitado pela tradição e por Deus
» Rei está acima de qualquer saução
» Ex: Luís XIV, o Rei Sol

3.      Estado Polícia (extremo da Monarquia Absoluta)
» O poder é total e é exercido e submetido à luz da razão. Monarca governa para o bem geral
» Temporalmente coincidente com o Despotismo Esclarecido ou Iluminado (séc. XVIII), assumindo um carácter extremo de Absolutismo Régio.
» O poder do rei já não é exercido por Direito Divino, mas, sim, influenciado pelo Iluminismo, à luz da razão/do racional.
» Esmagamento dos direitos do cidadão face ao Estado.

        4. Estado Liberal/Constitucional
» Iniciado com as Revoluções Americana e Francesas do final do séc. XIX
» Introduz novidades como as Constituições (instrumento limitador do poder), a existência de partidos políticos, de governos representativos, verificando-se um grande reforço das garantias do Estado face ao indivíduo/Declaração dos Direirtos do Homem e idadão (abolição de privilégios, igualdade entre todos)» Acabará por entrar em decadência nas vésperas da 2ª Guerra Mundial/no período “Inter Bellum” (entre guerras) – anos 20/30 (ditaduras fascistas vs. Regimes democráticos), que vai levar ao aparecimento do....

c) Estado Social de Direito/Estado da 2ª metade do séc. XX
» Nascidos da 2ª Guerra Mundial, são quase todos constitucionais, o que não implica que sejam democráticos, apresentando, mesmo, uma grande variedade de géneros/tipos.
» Característica comum: reforço do papel do Estado no contexto económico (sector empresarial do Estado, possuindo empresas estratégicas, isto é, empresas que dominam sectores).
» Este modelo de Estado entra em crise no final dos anos 70, com o aparecimento do neoliberalismo político-económico.
» Estado = Estado providência, porque fornece bens aos cidadãos – Estado Social

d)    Formas de Estado
Formas de Estado: “É o modo de o Estado dispor o seu poder em face de outros poderes de igual natureza, e quanto ao povo e ao território.”, Jorge Miranda

- O Estado, quanto à sua forma, poder ser:
                        » Estado Simples ou Unitário – unidade de poderes políticos, de autoridade de governo , bem como uma só Constituição. Ex: Portugal, Espanha, Itália e Reino Unido.
                        » Estado Composto – coexistem uma pluralidade de poderes políticos e de autoridades de governo, como os Estados Federais (Ex: E.U.A.,Alemanha, Áustria, Austrália, Bélgica, Suíça, Rússia, Brasil, Argentina, Venezuela, Canadá, Índia, etc) e as Uniões Reais.
                       
  

3. DICOTOMIA: ESQUERDA/DIREITA

Ideologia: conjunto de valores colectivos orientados para a acção, tomada do poder e traduzida num programa político; é a ciência das ideias! Usualmente, é baseada num livro. Ex: Comunismo é baseado em “O Capital”, de Marx.

Programa político: manifestação visível de uma ideologia.

- Ideologia não é igual a pensamento!!

- A nível de ideologias, há uma distinção entre Esquerda & Direita.

ORIGEM

» A origem da diferença entre esquerda e direita remonta à Constituição da Assembleia da Nacional Francesa, durante a Revolução (finais de séc. XVIII, em 1789).

» À DIREITA do Presidente, sentavam-se os deputados conservadores, monárquicos, defensores da tradição (catolicismo) e ciosos dos privilégios adquiridos.

» À ESQUERDA, sentavam-se os deputados representantes do povo (e alguns clérigos e nobres) que apresentavam uma postura revoluccionária, reformista e progressista (liberdade e igualdade).

CENTRO – oscila entre o voto da direita e da esquerda, de acordo com as suas propostas e formas de aplicar a igualdade e a liberdade. Ex: Em Portugal, o PS e o PSD possuiem programas semelhantes por serem centristas. O PSD insere-se no centro-direita, apesar do nome.

Não há soluções fáceis. Só respostas inteligentes.”, desconhecido

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Teste de Português GRUPO I Compreensão e análise de texto: análise de um poema de Fernando Pessoa Competências: - Heterónimos de Fernando Pessoa: Alberto Caeiro & Ricardo (estrutura interna do poema = tema) - Estrutura externa de um poema (versos) GRUPO III Produção de texto: Fernando Pessoa, heterónimos Competências: - Escrever um texto estruturado, acerca de um Heterónimo de Fernando Pessoa (devidamente justificado com expressões de poemas).                         * ALBERTO CAEIRO                         * RICARDO REIS GRUPO I Compreensão e análise de texto: análise de um poema de um dos Heretónimos de Fernando Pessoa ALBERTO CAEIRO - É uma das facetas mais significativas da poesia do heterónimo que foi Mestre de Fernando Pessoa, de Ricardo Reis e de Álvaro de Campos. Caeiro ensinou a ver o mundo e a fruir a realidade, captando a sua essência, através dos sentidos, alheio a estéticas literárias e a concepções filosóficasm, libertando o seu criador da prisão