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PORTUGUÊS 12º ano 1º teste Fernando Pessoa

 1º Teste de Português 12º ano

GRUPO I

Compreensão e análise de texto: análise de um poema de Fernando Pessoa

Competências:

- Ortónimo e temas Fingimento Poético e Dor de Pensar (estrutura interna do poema = tema)
- Estrutura externa de um poema (versos)



GRUPO III

Produção de texto: Fernando Pessoa, ortónimo

Competências:

- Escrever um texto estruturado, entre 80 e 120 palavras, acerca de um dos temas do ortónimo de Fernando Pessoa (devidamente justificado com expressões de poemas).

                        * FINGIMENTO POÉTICO
                        * DOR DE PENSAR















GRUPO I
Compreensão e análise de texto: análise de um poema de Fernando Pessoa
ORTÓNIMO
     Em Fernando Pessoa, há uma personalidade poética activa, designada de ortónimo, que conserva o nome do seu criador e uma pequena humanidade, formada por heterónimos, que correspondem a personalidades distintas.

   A poesia é marcada pelo conflito entre o pensar e o sentir, ou entre a ambição da felicidade pura e a frustração que a consciência-de-si implica. Pessoa considera que a arte “é o resultado da colaboração entre o sentir e o pensar”. Daí a sensibilidade a fornecer à inteligência as emoções para a produção do poema.
   Para exprimir a arte, o autor criativo precisa de intelectualizar o sentimento, o que pode levar a confundir a elaboração estética com um acto de “fingimento”. O poeta parte da realidade mas só consegue, com autêntica sinceridade, representar com palavras ou outros signos o “fingimento”, que não é mais do que uma realidade nova.

  O fingimento artístico não impede a sinceridade, apenas implica o trabalho de representar, de exprimir intelectualmente as emoções ou o que quer representar. O conceito de fingimento é o de transfigurar, pela imaginação e pela inteligência, aquilo que sente naquilo que escreve. Fingir é inventar, elaborar mentalmente conceitos que exprimem as emoções ou o que quer comunicar.
   Entrar no jogo artístico, fingir ao exprimir as emoções, mas com toda a dimensão de sinceridade, implica e explica a construção da poesia de ortónimo.
  
    Características Estilísticas
   Musicalidade: aliterações, transportes, ritmo, rimas, tom nasal (que conotam o prolongamento da dor e do sofrimento);
   Verso geralmente curto (2 a 7 sílabas métricas);
   Predomínio da quadra e da quintilha (utilização de elementos formais tradicionais);
   Adjectivação expressiva;
   Linguagem simples mas muito expressiva (cheia de significados escondidos);
   Pontuação emotiva;
   Comparações, metáforas originais, oxímoros (vários paradoxos – pôr lado a lado duas realidades completamente opostas);
   Uso de símbolos (por vezes tradicionais, como o rio, a água, o mar, a brisa, a fonte, as rosas, o azul; ou modernos, como o andaime ou o cais);
    É fiel à tradição poética “lusitana” e não longe, muitas vezes, da quadra popular;
   Utilização de vários tempos verbais, cada um com o seu significado expressivo consoante a situação.

   As temáticas de Fernando Pessoa
     O fingimento artístico
  • Crendo na afirmação de que o significado das palavras está em quem as lê e não em quem as escreve, Fernando Pessoa aborda a temática do “fingimento”; o poeta baseia-se em experiências vividas, mas transcreve apenas o que lhe vai na imaginação e não o real, não está a sentir o que não é real. O leitor é que ao ler, vai sentir o poema (“Sentir? Sinta quem lê!”)
  • Para Fernando Pessoa, um poema “é produto intelectual”, e por isso, não acontece “no momento da emoção”, mas resulta da sua recordação. A emoção precisa de “existir intelectualmente”, o que só na recordação é possível.

  • Há uma necessidade da intelectualização do sentimento para exprimir a arte. Ao não ser um produto directo da emoção, mas uma construção mental, a elaboração do poema confunde-se com um “fingimento”. a criação artística, o poeta parte da realidade mas só consegue, com autêntica sinceridade, representar com palavras ou outros signos o “fingimento”, que não é mais do que uma realidade nova, elaborada mentalmente graças à concepção de novas relações significativas, que a distanciação do real lhe permitiu.

  • O fingimento não impede a sinceridade, apenas implica o trabalho de representar, de exprimir intelectualmente as emoções ou o que quer representar. As emoções são captadas pela experiência sensorial; depois, são intelectualizadas para serem transformadas em arte. Os sentimentos, depois de captados, encontram-se na imaginação (a emoção é conservada na memória).  coração apenas fornece matéria à razão, para esta a intelectualizar. Logo, um poema não reflecte emoção, mas intelectualidade.

AUTOPSICOGRAFIA – pág. 34

  1. Identificação do tema: FINGIMENTO POÉTICO
  2. Título do poema: a julgar pelo título, estamos perante uma descrição da própria alma. O título do poema pode levar-nos à conclusão de que o sujeito poético quer explicar o processo que nele se passa, ao elaborar um texto poético. “Para significar o que é a inteligência, como ser autónomo, que explica o processo de criação poética.” A teoria da criação poética, exposta no poema, de valor universal porque é aplicável a todo o verdadeiro poeta, foi elaborado por via da auto-introspecção, por meio da qual Fernando Pessoa verificou o processo em si próprio.
  3. Divisão do poema em momentos lógicos fundamentando a sua opção:
    O texto possui 3 momentos:
            - poeta (1ª quadra)
            - leitores (2ª quadra)
            - ponto de partida da criação poética (3ª quadra)

  4. Dores do leitor/receptor
     

    Dores do sujeito poético
     
    Tipos de dor a que o sujeito poético se vai referindo: O s.j. refere 4 tipos de dor, presentes na 2ª quadra, tais que:
                           - dor sentida (física e real)
                           - dor fingida (intelectual)
                                                                                       - dor entendida (ouvida/lida)
                                      - dor convencional (simpatia pelo sofrimento/identificação)

  1. Explicar o papel do coração e o da razão: O coração é um brinquedo (“comboio de corda”), que entretem a razão. O coração fornece a matéria, as emoções, à razão, para esta a intelectualizar. O poema não reflecte emoção, mas intelectualidade. A emoção é conservada na memória.

ISTO pág. 35

1 – O s.j. diz que não é mentiroso, mas é um facto que os sentimentos provêm da razão, estão na imaginação, sendo intelectualizados, pois o coração apenas fornece matéria
à razão. Logo, o poema reflecte intelectualidade e não emoção. A emoção é conservada na memória.
2 – Os sentimentos/emoção; o pensamento/razão. Sentimentos são ponto de partida.
2.1 – Linda -> razão. Porque se encontra intimamente ligada aos sentimentos intelectualizados.
3 – “Por isso escrevo em meio/ Do que não está ao pé,/Livre do meu enleio”. – sinceridade artística = razão (ao alcance das mentes superiores).
       “Sentir? Sinta quem lê!” -  sinceridade humana convencional = emoção (ao alcance de todos).
4 – O tema é o Fingimento artístico.
5 – Composto por 3 estrofes – cada estrofe é uma quintilha (5 versos); Esquema rimático: ABABB; Tipo de rimas: AB – cruzada; BB – emparelhada; Figuras de estilo: aliteração (som “S”); anáfora (...que....ou....).

     A dor de pensar
  • O poeta não quer intelectualizar as emoções, quer permanecer ao nível do sensível para poder desfrutar dos momentos, mas a constante intelectualização não o permite. Sente-se como enclausurado numa cela pois sabe que não consegue deixar de raciocinar. Sente-se mal porque, assim que sente, automaticamente intelectualiza essa emoção e, através disso, tudo fica distante, confuso e negro. Ele nunca teve prazer na realidade porque para ele tudo é perda, quando ele observa a realidade parece que tudo se evaporou.
  • Fernando Pessoa não consegue  usufruir instintivamente da vida por ser consciente e pela própria efemeridade. Muitas vezes, a felicidade parece existir na ordem inversa do pensamento e da consciência, pois serem conscientes/inteligentes torna-nos menos felizes. O pensamento racional não se coaduna com verdadeiramente sentir sensitivamente. A dor de pensar traduz insatisfação e dúvida sobre a utilidade do pensamento. A dialéctica da sinceridade / fingimento liga-se à da consciência / inconsciência e do sentir /pensar.

  • Para entender Fernando Pessoa, é necessário haver uma transposição das emoções para pensamentos. A dualidade sentir/pensar impede-o de ser feliz, impede-o de usufruir da vida. Ser feliz é possuir um certo grau de inconsciência. Uma vida completa é uma vida que concilia os sentimentos com a racionalidade. Pessoa é apenas racional. Os sentimentos nunca são reais, são apenas memórias que se criam imediatamente. É INFELIZ.

GRUPO III

Produção de texto: Fernando Pessoa, ortónimo

- Escrever um texto estruturado, entre 80 e 120 palavras, acerca de um dos temas do ortónimo de Fernando Pessoa (devidamente justificado com expressões de poemas).

            a) FINGIMENTO POÉTICO – exemplo de texto:

Segundo Pessoa, o processo de criação artística não transmite sentimentos do artista, mas memórias destes, como se verifica nos poemas “Autopsicografia” e “Isto”.
“O poeta é um fingidor(...)” porque tem necessidade de intelectualizar sentimentos para exprimir arte e, não sendo um produto directo da emoção, mas uma construção mental, a elaboração do poema confunde-se com um “fingimento”: o
fingimento poético.
“Gira a entreter a razão (...) o coração.”, conferindo-lhe matéria que visa ser intelectualizada e exprimida. O sujeito poético sente “(...)com a imaginação.”, baseando-se em experiências vividas, transcrevendo o que vai na sua imaginação. O artista produz arte, cabe aos leitores sentirem-na – “Sentir? Sinta quem lê!”
            Um poema não reflecte emoção, sinceridade humana e convencional; reflecte intelectualidade, sinceridade artística. (120 palavras!)


            b) DOR DE PENSAR – exemplo de texto:

Muitas vezes, a felicidade parece existir na ordem inversa do pensamento e da consciência, como “Ela canta pobre ceifeira”.
Pessoa não consegue usufruir instintivamente da vida por ser consciente e pela própria efemeridade, logo, não tira prazer da realidade, devido à sua constante intelectualização da emoção, desejando à ceifeira “(...)poder ser tu, sendo eu!”
Assim, esta dor de pensar começa a traduzir insatisfação e dúvida sobre a utilidade do pensamento. A dualidade sentir/pensar impede-o de ser feliz e usufruir da vida, que concilia os sentimentos com a racionalidade. Por ser racional, os sentimentos nunca são reais, são apenas memórias que se criam imediatamente. - “O que em mim ‘stá pensando.”
A transposição de emoções para pensamentos deixa-o miserável e infeliz. (120 palavras!)

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